
Devoram-me sem que sinta qualquer dor, saboreiam-me sem que tenha nenhum prazer. O sentimento abandona-me no instante antes da própria alma.
Podem-me cobrar consciência, podem-se sugerir realidade. Posso querer sonhar, posso ser o próprio insalubre.
Há algum tempo, não sei precisar ao certo embora relevante, era um puto. Descobria o corpo com a mão da própria alma. Antes disso já conhecia os encantos rítmicos que baloiçavam com subtileza entre o ar puro e o sorriso cúmplice. O eco mais soante, o eco que me faz sentir a cor da minha tela.
Contava algures no tempo que corre quantos caninos o tentaram farejar, somei dez. Nenhum acompanhou o eco, é puro.
Nenhum o conheceu porque nunca o permiti.
Eram 6 da tarde. Uma tarde de verão. A luz era quente mas agradável. As roupas leves e frescas. As ideias de quem estava em pé e apoiados no tejadilho próprias e consistentes. Éramos guiados por quem sinto coisas estranhas, um misto que vai entre o amor e o asco. Só o percebi pelo espelho retrovisor. O cenário da luz era enriquecido pelas colinas alfacinhas, entre o movimento frenético dos cabos da ponte que marcavam o movimento do sentimento. Falávamos de arquitectura, mas tudo isto era secundário. Tínhamos relações de amigos. Três amigos. Três colegas. Sentida a atracção, pendia para quem me acompanhava do lado direito. Era física, mas escondida. Não me olhava de igual forma, mas eu contemplava. No lado oposto e num eixo alinhado com Belém acompanhava-nos uma outra pessoa bem mais misteriosa. Tinha pele branca e cabelo escuro. Era curto. O sorriso contagiante, embora pouco usado.
O carro continuava o percurso e o diálogo é findado com a permanência dum silêncio estranho. Eu olhei para a direita e os olhos não se cruzaram, a perspectiva desvaneceu o ponto de fuga, que se assumiu findado e cruel. Procurei abrigo, ao mesmo tempo pensava nas palavras que com alguma precisão teria de proferir.
O carro continuava o percurso e o diálogo é findado com a permanência dum silêncio estranho. Eu olhei para a direita e os olhos não se cruzaram, a perspectiva desvaneceu o ponto de fuga, que se assumiu findado e cruel. Procurei abrigo, ao mesmo tempo pensava nas palavras que com alguma precisão teria de proferir.
Em vão. O silêncio quebrou-se, o décor alterou o cheiro da carne para o som antes sentido num tal eco que desvanecera. E o olhar puro transformou-se sem perceber no toque perfeito, na sensação de que tudo tem a sua resposta. Era puro. E eu senti isso. Ar fresco numa asfixia penosa.
Sensação de concretização. Amor. E tudo numa segunda dimensão.
Sensação de concretização. Amor. E tudo numa segunda dimensão.
Acordo. Já tarde, não fui à faculdade. Tudo continua confuso, o tempo continua a contar, não parou. Mas senti coisas puras.
E isso faz de mim uma pessoa feliz.
Porque a realidade é uma tela em branco e cada um tem a sua.
E isso faz de mim uma pessoa feliz.
Porque a realidade é uma tela em branco e cada um tem a sua.
1 comment:
a relaidade n é em branco, vai tendo cores, fica branca é kd fexamos os olhos...
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