Por cá 12|9

A problemática é o que somos.
Sim problemas existenciais, aqueles que ignoramos muitas vezes em tom de crítica, aqueles que associamos aos depressivos, aos fracos.
A problemática é o que ignoramos, a parte que não conhecemos e nos faz mover. E não falo de religião, de teorias astrológicas, ou qualquer outra Estória que nos possa aliviar este vazio. Falo em parte, mas sem lhe atribuir nomes.
Todos os dias sinto angústia, um aperto no estômago. Uns dias mais que outros.
Na verdade todos os dias me surpreendo com tudo o que me rodeia. Cada dia que antecede outro irritam-me os lamentos, as críticas, as posturas. E sim, estou a generalizar.
Posso assumir uma teoria egocêntrica para tentar exprimir isto, mas caio no erro de estar a assumi-la e como tal, a existência de mais uma estória orientadora e com fins elucidativos do que “porquê?”, e “para quê?” – e no final parece que não é suficiente, como aliás, todas as outras.
Não assumindo, tentemos colocar as coisas neste prisma (o meu, não o de quem escreve, mas o de quem o lê): Há uma História que não conheço, que me antecede, que explica tudo, o início dum significado. Eu sou uno e vocês não existem. No fundo isto é tudo um teatro, um teatro real (que tenho que acreditar que é real), um teatro onde fui formado para acreditar que a realidade é única e exclusivamente esta, a que se toca, a que se sente. Eu sou uno, e nesta peça sou o personagem principal – eu sinto o toque e o toque em mim, mas ambos são sensações minhas e vocês existem para me orientar. Se vos tocar com a mão posso sentir o vosso corpo na minha mão, mas nunca sentirei o vosso corpo a ser tocado por a minha mão – é abstracto. Eu imagino que vocês o sentem, porque interpreto-o como uma sensação já por mim sentida. E como tal assumo que a vossa sensação será exactamente a mesma que é sentir uma mão no meu corpo. E isto pode parecer absurdo. Mas faz algum sentido.
Perguntemos então porque razão existem os outros. Para que um percurso faça sentido temos que ser orientados. E mesmo quando tudo parece correr mal, é mentira. Tem um significado uma mensagem, uma formação. No fundo não existem partes, mas um todo. Porque a parte é o todo e o todo é a parte. Vocês são fragmentos de mim para que tenha o percurso adequado. No fundo é tudo fruto duma imaginação.
(devo estar a parecer ridículo)
Mas continuando, assumindo que o palpável é a realidade, então o que é o não palpável – o Sentir. Que também é abstracto, mas que existe. E existe porque o sinto, de dentro para fora – sempre.
E qual é a essência? – Essa.
Basicamente, o significado é encontrado quando já nada fará sentido. Na altura em que perceberei que aprendi o porquê da peça.
Bem, como calculei, já estou farto de falar desta teoria, posso não ter sido explícito o suficiente e a teoria que dei como exemplo pode estar super incompleta e até se expor ao ridículo. Mas é mais ou menos aquilo.
Isto tudo, para falar do medo.
Tenho medo e por ser assertivo.
Somos todos uns aldrabões, pintamos formas de vida. A vida só se vive duma única maneira – o sentir.
Ultimamente tenho pensado muito nisto. Colocado na balança o afastamento dum lado e a proximidade do outro. Pior, não me vejo longe. Mas nesta altura não quero estar perto.
Talvez seja eu em diálogos de outrem que consecutivamente me bato à porta a tentar me encontrar.
Somos bem sucedidos quando sentimos o que fazemos.
Já dizia Luís Kahn – “Nenhum homem aprenderá aquilo que ele já não sabe”. E aqui a necessidade de nos sentirmos plenos com o que produzimos é o caminho certo.
É disto que falo, os sentimentos movem-nos. São a única coisa que nos move.
Mas eu quis que houvessem regras, eu quis que houvessem timmings, eu quis tudo, eu tive tudo. Só falta perceber o porquê. Não o porquê de ser individual, mas o de ser uno. De ser um todo.
Sabedoria é a palavra chave.


“A mentira é a génese da arte. A vida imita a arte, logo a vida imita a mentira .” Óscar Wilde