
Acredito que isso nos faz crescer, e crescer até ficarmos fortes como uma velha arvore, que apesar de velha é a mais forte de todas.
Imagino o teu olhar expectante enquanto te maravilhas com o cintilar da torre Eiffel, enquanto fumas um cigarro e segues o fumo que sai da tua boca em busca do frio.
Imagino o quanto te deves sentir só nos momentos em que sentes o aperto no peito que as saudades provocam.
As saudades dos sorrisos com os amigos, o estar perto da lareira nas noites frias em que estavas em família, as saudades que deves sentir das noites loucas que vivemos na nossa pequena, mas grande cidade.
Apesar de tudo não te olho com pena alguma, mas sim como um guerreiro, afinal é o que tens sido no último mês de experiência, de vivência de um sonho.
Lembro-me que há dias enquanto lia o teu blogue reparei numa frase que escreveste, dizia assim, “sou um prisioneiro dos meus próprios sonhos”.
Mas afinal pergunto eu agora, não é bom ser prisioneiro dos nossos sonhos, ao em vez de seres prisioneiro dos sonhos dos que nos rodeiam?
Por isso e apesar de saber tudo o que estas a sentir, continuo a apoiar-te e a afirmar que te quero aí em paris, para que a tua carreira seja realmente ao nível do que tens sido até então, uma extraordinária pessoa, um maluco que sonha mas que apesar de tudo corre atrás dos seus sonhos, e a meu ver é um valor nobre, e acredita que tu és o rei no que toca a faze-lo.
Há uns dias sonhei como seria estar ai em paris com o meu amigo Dário mais a pessoa que até então me tem acompanhado, o meu pequeno Lucien.
Sonhei com sorrisos com um passeio pelos jardins etc etc...
Nem vais acreditar quando acordei não queria ir mais, tenho medo, e acredito que o medo será maior, é como ires ao poço beber agua e depois não conseguires subir por entre as pedras cheias de agua e musgo, acho que vai ser bem mais difícil a separação ai nessa cidade que ora te acolheu do que dizer adeus no aeroporto de Lisboa, e depois essa é a cidade que talvez me irá roubar o amor mais intenso que vivi até então, por isso questiono, será paris uma cidade a gostar?
Enfim....
As coisas que me passam pela cabeça.
Tenho estado algumas vezes com os teus irmãos, a duas semanas com a Telma e ontem com o Daniel, gosto de estar com eles, sinto-me bem, sinto-me mais próximo de ti.
Apesar de tudo eles estão bem, e até falei o que se poderia fazer na festa de aniversário que se aproxima, gostava que eles se divertissem acho que lhes faria bem.
Enfim tenho que ir mas quero aqui dizer-te que já falta muito pouco para encontrarmo-nos novamente, desta vez na cidade que tanto falávamos
Beijo muito forte Rui Ventura your friend...
Li este mail várias vezes. Senti este mail em situações diferentes para tentar responder da mesma forma que me chegou. Intensa.
E só hoje respondo, não por ser um dia especial, não por estar cinzento lá for (está assim todos os dias, triste), mas porque não posso deixá-lo sem resposta.
Porque naqueles dias em que a saudade aperta num acto desesperante de vos ter perto e poder tocar-vos, são os vossos nomes que soam mais alto.
Porque sempre que me entusiasmo com a vida aqui, são os vossos rostos que se assumem e perco a vontade.
Porque esse calor tão especial não se encontra, constrói-se.
Porque o sol é especial quando me sinto perto.
E sim, fascinam-me estes cantos e esta cidade. Mas a cidade não vale muito, porque não me preenche.
Aceitaria a cidade fria, as pessoas como células mas eu não me integro, quero mais que isso. Aceitaria as faces estranhas e a mistura de gente, o metro sujo e feio, com odores insuportáveis, mas nunca estar longe. E quando refiro espaço não o refiro psíquico/sentimental porque aí vocês estão presentes todos os dias, em cada momento.
Há dias em que fecho os olhos, quando estou deitado e começo a imaginar que estou mo meu quarto. Fecho os olhos e imagino a minha almofada, o aconchego da minha cama, a janela na minha cabeceira que me acorda todos os dias, o móvel branco à esquerda… e se esticar o braço consigo tocar o chão de madeira. Abro os olhos cansados e nada disto é real, fecho-os novamente e já não consigo fazer o mesmo, sinto-me distante e desapontado, sinto-me sozinho e um pouco infeliz.
E nada disto muda o que venho fazer, nada disto faz com que deixe de acreditar e de correr para determinado objectivo.
E ser “Rei” implica ser frio e severo, talvez o seja, porque vos abandonei sem sequer perceber as consequências.
Lembras-te daquela noite? O olhar verde que me abriu a porta, tu percebes-me tão bem. Tu soubeste ao pormenor que me iria tocar daquela forma tão doce.
E o abraço do Lucien já por cá. Senti-me tão quente, senti-me tão perto.
Tenho saudades, e isto é bem diferente do que alguma vez possa ter citado. Tenho Saudades.
Todos os dias tenho pesadelos, todos os dias acordo triste, todos os dias calo-me e observo tudo com muita atenção e vejo os vossos vultos a sorrir e a abraçar-me. As vossas vozes a dizer “acreditamos em ti”.
E só vou conseguir porque vocês estão presentes, todos os dias.
E sim, estou diferente. Estou crescido e mais calmo.
Mas não peçam demais, serei sempre aquele puto que dá gargalhadas e cai no chão sem medo de sujar a roupa. Aquele puto que sonha acordado todo o dia, convosco.
Vamos conseguir, juntos.
AMO-VOS.
Dário
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