Sunday, January 11, 2009

Teorias Existenciais 12|1

Partilho da opinião que todos os momentos, pessoas e contextos nos formam pessoal e culturalmente. Todas as palavras que nos chegam aos ouvidos, agrupadas num discurso mais ou menos sensato trazem-nos uma mensagem, uma mensagem que filtrada se adequada à nossa forma de estar na vida, à nossa forma de viver. Naturalmente que o conteúdo duma qualquer conversa terá diversas interpretações e obrigatoriamente diversas filtragens que varia de indivíduo para indivíduo.
Ontem acordei em Lisboa, passeámos o dia inteiro e numa conversa de café (aquelas que me soam correntes, mas que começo a ter algumas dúvidas devido a factos recentes) prendi-me na questão do Marketing, mais propriamente na questão do luxo.
O Marketing, que palavra esquisita é esta, será alguma coisa em concreto, ou apenas um palavrão estranho que me irrita no seu conteúdo?
Pois bem, falámos de muitas coisas que rodearam “Conceito” e “Tendência”. A estória do ovo e da galinha, se é o Marketing que cria a tendência e o conceito ou o contrário. Na verdade tudo depende do posicionamento e do grupo social definido previamente. O marketing é porém o Sr. Quarentão com cabelo grisalho, aquele que se adequa com a maior facilidade ao ouvinte e que conta estórias encantadas para que este se apaixone e se deslumbre pelas suas personagens. O Sr. Quarentão com a maior elasticidade mental que alguma vez possa ter conhecido. Aquele que consegue vender a própria alma, mas que na verdade não vende nada e consegue com isto movimentos em massa.
E tudo é Marketing, as relações são Marketing, vendemo-nos da forma que sentimos mais adequada, pintamo-nos no registo que pretendemos ser.
A problemática nesta conversa é a dignidade da coisa, até que ponto estas pessoas formadas para isto são dignas. E são, são vendedores, pessoas que criam uma imagem para um determinado produto, uma identidade à imagem dum determinado cliente.
Serei eu digno, haverá ética se deixar que um intermediário deste género me faça crer que um pé-direito de dois metros e meio torna uma divisão mais ampla que um outro de três e meio, sendo que contraria todo o contexto do projecto? - Sim se ele o conseguir vender.
Há aqui uma opção, a escolha árdua, ninguém disse que é fácil viver, escolher entre ser autêntico e sem nome (e neste caso a visibilidade é nula) ou aceitar que tudo o que produzo tem como sentido ser vendido para poder sobreviver aceitando que aquele pé-direito faz todo o sentido. Quase que perder um pouco identidade e me tornar um perfil de mercado.

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