Tuesday, December 04, 2007

Vida 4|12

Palavras, palavras e mais palavras. Noções pouco certas, momentos críticos, inexplicáveis.
Somos tão pouco e sentimos tanta coisa.
Marcamos cada passo sem que sejamos obrigados a pensar que a contagem decrescente não para e quanto mais passos gastamos, menos temos para dar.
E como funciona isto?
Porque é que A tem direito a mais passos que B?

Não tenho respostas para nada disto, tento arranjar forma de te dizer “sossega, tudo vai correr pelo melhor” mas sinto que sou pai dum feto que jamais vingará!
Isto rapidamente entra em colapso numa tentativa de acreditar que os sentimentos sobrepõem tudo, numa escala superior, a dos que sabem sentir.
E o que é saber sentir?
E o que são energias, e carmas e essas coisas todas? Para que serve ter crenças?
Este estado insignificante que somos, consequente da extenuante procura da identidade marca-nos duma forma terrível.
Sabemos quase nada, andamos errados a dar importância à electricidade e esquecemos que os dias somam-se e em todos eles o sol nasceu e nem demos por isso.
Sabemos pouco e o que sabemos ignoramos.
Não sei porque razão entras de forma tão marcada na minha vida, nem sei como te tornas uma presença efectiva e precisa, só sei que gosto de ti, que não te quero perder e que te confio a parte que assumidamente não te consigo dar.
Nem aquela gargalhada despojada de medo, aquela que tanto te impressionou, conseguirei dar. Amadureci o meu olhar quando te sinto. Gosto demasiadamente para a jorrar entre mundos, e escondo tudo o que tenho para rir porque não consigo constatar com tamanha injustiça.
Posso me sentir a pessoa mais infantil do mundo, talvez fosse mais fácil esconder esta aversão em perder-te, e dizer-te “ vai correr bem, amanhã já tudo passou” mas não sou capaz de o provocar e tu sentirias isso.
Tantas conversas sentidas, tantos espaços estranhos, acompanhei-te numa viagem temporal e senti cada momento da forma clara e rude que transmitiste. Sei porém que na tua situação faria o mesmo, tomaria a mesma postura e essa “partinha” envolve-me duma forma aterradora. Somos demasiadamente parecidos em certas coisas e sei precisamente o que faria e como faria.
Este texto, pode não servir para nada, posso até estar a falar de muitas coisas para as quais não existem respostas, afinal chego às ultimas linhas e nem sei como o findar. Não sei porquê, para quê, como, quando nem onde.

Mas aprendo duma vez por todas a dizer explicitamente: Não me deixes NUNCA.
Ps.
Mama aqui ó p***
Chupa-me a p***

E tudo porque só tu, daquela forma tão tua, com aquele gesto tão teu e esse olhar tão profundo consegue transmitir nestas frases (curriqueiras) uma expressão tão sentida.

LOV U
Dário

4 comments:

César said...

Tens razão, não há uma resposta definitiva para as perguntas que impões e que algumas pessoas tb impõem. Não há dias contados, não há horas marcadas,apenas acontece.
A procura da identidade é relativa, como teremos a certeza dek conseguimos? Ou será que ainda poderiamos ter ido mais longe?
tudo sem resposta.
Será tudo em vão? Penso que não.
Estou aqui para viver e dar passos :)

Adorei ler o teu texto, simplesmente ajuda a simplificar muita coisa e a acalmar quem sofre por antecipação por não encontrar estas respostas.

Abraço sentido

Anonymous said...

compreendo perfeitamente :)

Tânia Pato said...

um texto bem sentido, com um final no mínimo, surpreendente ... lol
Já agora, não deveria ser "Vida 4|12" ?
Beijinhos

Musicology said...

«Somos tão pouco e sentimos tanta coisa...»...Devia ser elevado a verdade universal.