Je t'aime 6|7

É a cidade dos sonhos.
Tudo é como julgava, tudo me marca de forma clara e estranhamente pouco consciente. É no fundo uma crença correcta, a que me move.
Estou em Paris.
E Paris é o ladrilhado multiplicado algumas vezes mais.
Estou em Paris, corro tudo o que quero sentir e ausento-me presente dos que não estão.
Sinto-me cheio de força, nada nem ninguém me para.
Estou cansado, tenho dormido pouco, mas arranjo forças para subir 700 degraus e olhar do céu. Forças para procurar o que não conheço e o que já havia me esquecido.
Sou uma pessoa de sorte (j’ai la chance).
Esta última semana foi carregada de esperança e contradições. Aquela que me afasta é a mesma que me prende.
Tudo se torna claro, coerente. Só assim consigo viver. Alimento o meu corpo com a força da minha alma.
Vi tantas coisas, pormenores, cantos e pessoas que é impossível numerá-los.
Vou voltar terça-feira, podia voltar já hoje.
Quero abraçar os que amo e sentir-me em porto seguro, mas com noção que é possível e que em breve voltarei, para ficar.
Tudo se compõe. E as luzes são infinitas, pequeninos pontos luminosos intermitentes. As paredes cheias de charme e o verde, mais verde.
Vou para vir.
Tenho medo, mas coragem para enfrentá-lo.
Tenho 24 anos e a minha vida só a mim pertence. E é aqui que tudo se prende, porque eu sou vocês.
Conheci pessoas novas, conversas simpáticas. Conheci novos espaços pessoais e novas formas de saber estar.
Conheci a consciência de poder ficar e a cidade tornou-se muito menor. E não tão distante.
Aos que sabem do que falo, obrigado por me darem tanto.
Vou com clara certeza que volto para ficar e breve. Vou com clara certeza que o quinto elemento é primordial e que nenhuma hipotética dúvida do ser na minha vida se mantém. Os que são estão, claramente.
Sou feito de sentir, uma coisa estranha que me faz sorrir em frente a uma qualquer pintura vanguardista, ou no topo do céu, ou na mesa daquele café.
Sou feito de sentir. Sentir-me, sentir-vos.