Sunday, April 05, 2009

Sábado em Cascais 5|4

Consciencializo-me de tudo um pouco. Não na totalidade. Ninguém é dono e senhor da verdade. E esta verdade é o maior travão que alguém pode ter. É aqui que se prende tudo. É aqui o meio termo entre a mediocridade e o devaneio do “eu sou”. A ginástica mental e sentimental que inevitavelmente deve passar ao plano abstracto.
Estamos restringidos por tudo, não há nada a criar, não existirão mais vanguardas, não sou um artista nem tão pouco aspiro a isso. Mas a angústia mantém-se, persiste com a convicção de me tornar tão ou mais vulgar do que fui ou ainda sou. Ninguém disse ser fácil, mas é um fardo pesado.
E as questões que envolvem o “Dom” caem por terra se lhe der demasiada atenção, por outro lado o paradoxo em ignorá-lo torna-me frio e perdido.
Defendo porém que todos nós na nossa mísera e gigante individualidade temos um papel a defender e um caminho a seguir, definimo-lo porque não faria sentido de outra forma. E tudo isto é senso comum. A arte é senso comum. Tudo o que é abstracto é o limiar entre o aceite e o desprezível. E podemos questionar tudo, ou então calarmo-nos numa atitude incoerente igualmente ignorante, o segredo está na observação.
Não sou ninguém e o pouco que sou resume-se a sentidos. Não tenho dons nem sei como chegar ao sítio certo na hora exacta. Mas o percurso é exactamente o que me pertence por direito (sendo que nada disto implica o comodismo).
Se olhar para trás, num passado recente posso sentir coisas distintas, vejo pouco e consigo ver tanto. Se olhar para trás vejo quase nada. E vejo persistência e convicção, credibilidade. E vejo pouco, nada.
Todos podem sê-lo, mas muito poucos o conseguem.
E posso disparatar as vezes que quiser, porque o sol nasce todos os dias e ilumina cada parte com intensidades únicas. Porque sim, porque nem tudo é porque isto e aquilo, porque nem tudo passa pelo academismo ou o conhecimento cientifico. Há coisas que apensas são, porque sim. São. (sorriso)
Sou crente nesta minha doutrina e morro por ela. E grito barbaridades ao mundo nem que seja pelo facto de não ficar com elas para mim.
Detesto o trabalho do Prof. Doutor Arquitecto Tomás Taveira e sim estou a generalizar, sou o próprio energúmeno incoerente e ignorante que não defendo a classe mesmo antes de lhe pertencer. E isto é senso comum, a postura mais simples, a crítica “gratuita”, mas proveniente do mesmo em que acredito e que faz de mim aquele bonequinho de corda. É sensitiva a força da minha crença.
E mantenho ainda que Todos, mesmo os formados, qualquer um pode sê-lo basta sentir (com tudo o que isso implica).
O conhecimento é a ferramenta que nos distingue hierarquicamente, o dinheiro pode nos tornar senhores, mas a nossa lenda pessoal é suprema e tudo o resto são caminhos a percorrer.
Para os que o sol não brilha tentem perceber intrinsecamente esta causa.
Para os que o sol brilha todos os dias cuidado para que não vos caia em cima.
Para os outros, continuem a observá-lo dessa forma tão desprovida de porquês e sejam crentes.

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