Monday, December 06, 2010

No tempo 6|12

O tempo está frio, o céu cinza.
O tempo não pára e todos os dias somam-se na contribuição duma estória que não acontece, na marca que deixa.
O tempo passa lentamente e quero apressá-lo numa angústia exarcebada pela ansiedade de viver e sentir.
O tempo deixa-me frio, cinza como o céu.
Surpreende-me a facilidade de adaptação, a versatilidade de ideias, outra marca dele próprio.
Seria tão mais simples pintar a vida de cores alegres, cores que aos olhos dos outros seriam melhor recebidas. Mas o tempo está cinza, os meus olhos reflectem-no e a hora continua a somar.
No tempo, a seu tempo, cada acção ou revelação falha-nos como o refinar de pedra bruta. Somos marionetas.
Tenho falta de tempo, pouco tempo, apenas 15 minutos. Talvez uma vida, talvez muito pouco, nada.
O tempo é cruel, a vida torna-se cruel, as pessoas cruéis, as realidades absurdas.
O tempo fez quem fui, faz quem sou e fará quem não sei ser.
A seu tempo, o tempo já passou. E há estórias, história. Possivelmente não as que sonhámos viver, outras impostas por ele mesmo.
Neste tempo, ainda o tenho para afirmar que pouco sei, que menos sei. Cada palavra, mais absurda que a que a antecede, faz de mim joguete dum início e dum fim. E vejo tudo calado, e o grito consome-me e o tempo passa.
O tempo está frio, o céu cinza e o tempo passa.
A seu tempo, o tempo já passou. Tenho pouco tempo.
E o tempo passa.
Só me restam dez minutos para o tempo em que não sei ser.

4 comments:

Pedro said...

Tinha saudades de te ler :)

Domus quieta said...

Tinha saudades de escrever.
É bom lembrar-me de vez em quando.

Obrigado por estares atento :)

Pedro said...

Só não estou mais, porque a vida nos prega partidas ;)

Domus quieta said...

Importante é cá estarmos para sentirmos tudo a que temos direito, até mesmo as partidas.

Um abraço Grande Pedro.